segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Quem não se alimenta com embutidos( hot dogs etcs..)


Posted: 10 Nov 2012 05:00 AM PST
E dado ser Domingo, começamos com um espaço dedicado à alimentação, cujo título é "Comer bem, comer informados, ora essa, era só que faltava, quem disse o contrário?". Um título se calhar um pouco comprido, por isso encurtamos: Alimentação.

O assunto "foge" aos padrões do blog, sem dúvida. Todavia, ao longo da semana passada, surgiu uma notícia interessante: segundo um especialista, metade das pessoas que nascerem agora em Portugal terão cancro ao longo da vida. O que pode não ser simpático.

Mas cancro porquê? Será o ar que respiramos, serão os hábitos, será a comida ou o conjunto de todos estes factores? Seja como for, fiquei curioso e decidi espreitar na internet para ver, em primeiro lugar o que engolimos. E os resultados não são nada bons.

Última nota. Apesar de eu ter escolhido uma dieta vegetariana, Informação Incorrecta não é um blog para vegetarianos nem eu tento fazer proselitismo e nem encontrarão aqui sugestões para regimes alimentares específicos. Apenas informação, como sempre, pois acho que este discurso pode bem ser enquadrado nos moldes da actual deprimente sociedade e dos costume dela.

O simpático wurstel

Quem não conhece o wurstel? O nome muda segundo os Países: hot dog, cachorro, salsiccia, o sentido é o mesmo: o rolinho de carne que sabe bem. E sabe, não há dúvida: grelhado, assado, simplesmente escaldado com um pouco de maionese, mostarda ou ketchup, talvez com duas batatas fritas. Não é uma delícia?

Breve história do wurstel.
O wurstel parece ter sido inventando em Frankfurt, na Alemanha, durante a Idade Média.
Fim secção histórica, pois não é que haja muito para ser dito.

Mas o que é? Como é composto?
Em princípio o wurstel deveria conter pedaços de carne, principalmente suína, com algumas ervas aromáticas. Todavia a indústria tentou maximizar o proveito e minimizar o desperdício. A solução passa por utilizar partes do animal que usualmente não podem ser comercializadas de outra forma, as sobras da preparação de outros produtos.

Uma vez morto o animal e separada a carne dos ossos, a carcaça é congelada e enviada para empresas especializadas na reutilização das sobras, de modo a recuperar quanto mais possível. Obviamente entre as carcaças estão incluídos também os cadáveres de animais mortos nas estalagens por causas naturais, desde que não doentes.

É nesta fase que encontra razão a afirmação "carne separada mecanicamente" que encontramos nas embalagens de wurstel: é a espremedura mecânica e o sucessivo amasso de cascos, olhos, orelhas, pele, gordura, órgãos internos, tendões, caudas.

Nojento? Talvez, um bocado. Mas o cliente não vê, por isso vamos em frente.
Por lei, o produtor europeu de wurstel é obrigado a especificar a quantidade de carne presente no produto final. No geral, a massa obtida com a espremedura não ultrapassa 50% do total, mas não é raro ter percentagens inferiores, entre 12 e 20%.

Pergunta: então, o que é o resto? Ora bem, aqui começa a parte mais triste (pois a massa de sobras era a parte alegre: afinal são ainda produtos naturais).

A massa é misturada com componentes químicos, a seguir é ensacada num intestino químico (que confere a típica forma), cozida, fumada (mas em alguns casos também o efeito fumado é obtido com químicos), arrefecida.

Pode parecer um trabalho bastante complicado mas é preciso: o "amasso" contém uma altíssima carga bacteriana e a cozedura (e a pasteurização) são necessárias para esterilizar as carnes e impedir que o cliente morra após a ingestão (bastante chato do ponto de vista das empresas, pois o cliente morto não volta a comprar wurstel).

Mas agora voltamos atrás, ao "amasso". Se 20% do wurstel não for feito com carnes e derivados, é feito com que?
Eis a resposta:

Nitrato de sódio (E250)
É um composto químico altamente tóxico para o ambiente. É utilizado para esterilizar os microrganismos presentes nas sobras e conservar o produto. Dadas as propriedades antioxidantes, é também utilizado em alguns explosivos (a "pólvora preta"). Encontra aplicações na agricultura como fertilizante, apesar dos efeitos negativos do sódio. As reacções do nitrato com as aminas pode causar a insurgência de cancro no estômago e no fígado.

Eritorbato de sódio (E316)
É um produto sintético, utilizado para a conservação das gorduras, conservando também a coloração rósea e para prevenir a formação das nitrosaminas carcinogênicas. O Eritorbato de sódio, todavia, preocupa alguns dado que os seus efeitos no longo prazo não resultam bem conhecidos.

Glutamato Monossódico (E621) 
É um aditivo de origem natural utilizado como exaltador de sabor em substituição do sódio. Problemas conhecidos: anafilaxia (reacção alérgica) e cefaleia (neste caso conhecida como "Síndrome do restaurante chinês", apresenta também vasodilatação cutânea e urticaria, pois o glutamato monossódico é utilizado na cozinha chinesa também).

Goma Guar (E412)
É um produto de origem natural, a sua função é de espessar, por isso é utilizado também na preparação de doces, gelados, molhos. Em 2007 a autoridade alimentar europeia foi alarmada por causa da presença de dioxina na goma distribuída pela sociedade Unipektin. Esta comprava a goma duma empresa indiana, a Indian Glycols, e as análises fazem supor que a dioxina estivesse presente no produto durante anos. Entre os danos colaterais, pode provocar problemas intestinais se ingerida de forma frequente.

Trifosfatos (E451)
Com o termo de "trifosfatos" são indicados os produtos derivados do acido fosfórico, com base no fósforo, cujos efeitos secundários mereceriam um capítulo à parte (densidade óssea, cálculos biliares,etc.). O facto do ácido fosfórico ser considerado um bom anti-ferrugem, um fertilizante e um corrosivo deveria dar uma ideia. Ingrediente muito utilizado no âmbito alimentar, sobretudo nas bebidas gaseificadas como a Coca Cola (mas também no leite "longa vida"), é um corrector de acidez.

Azeite de colza
Azeite vegetal produzido das sementes da colza, era utilizado na antiguidade para iluminar as estradas e, mais tarde, por Rudolph Diesel como combustível para os seus protótipos de motor. Hoje encontra emprego também na produção de combustíveis "amigos do ambiente". Enquanto a americana FDA (Food and Drugs Administration) acha que o óleo de colza pode prevenir as doenças cardiovasculares (contém Ómega 3), na Europa a utilização é mais restrita por causa da toxicidade do ácido erúcico, do qual o óleo de colza é rico (700 mortes em Espanha durante o ano 1981, 20.000 pessoas afectadas na "Enfrermedad de la colza"). Por esta razão, da colza transgénica é feita derivar a canola, menos rica em erúcico. A canola, todavia, é indicada apenas em caso de fritos, enquanto em outras partes do mundo é considerada um azeite saudável (interessante neste aspecto a diversidade existente entre a versão portuguesa/brasileira de Wikipédia e aquela italiana ou espanhola).

E este, meus senhores, é o wurstel. Obviamente não a versão original alemã, mas aquela que normalmente é vendida e que podemos encontrar nas estantes de qualquer supermercado. Nada mal, não é? Com um pouco de mostarda e duas batatinhas fritas...


Ipse dixit.

Fonte; Informação Incorrecta

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